- Trata-se do fenômeno que corresponde ao empobrecimento dos solos, fazendo com que eles deixem de ser férteis para abrigar ecossistemas, entre outros fatores. Conheça abaixo
A desertificação é um dos maiores desafios ambientais da atualidade. Ela é definida como o processo pelo qual as terras mais férteis do planeta se tornam áridas - tudo causado pela atividade humana e também por mudanças climáticas. E lutar contra a desertificação é também combater a perda da biodiversidade, as diversas mudanças no solo, o aquecimento global e a falta de água - problemas sérios que assolam o mundo inteiro.
De acordo com a ONU, mais de 24 bilhões de toneladas de solo fértil desaparecem a cada ano. Existem mais de cem países com ambientes áridos e semiáridos. Nesse cenário, a África é o continente mais afetado pela desertificação, seguido pela Ásia, América Latina e Caribe.
Sabendo disso, é extremamente importante buscar soluções para resolver estes desafios e não apenas apontar o que está errado.
A seguir, o blog Sustentabilidade Para Todos reúne algumas das ações que estão sendo realizadas para combater a desertificação e recuperar os solos perdidos:
A Grande Muralha Verde da África
Há mais de uma década a África vem construindo a sua própria “Muralha da China”. Mas, neste caso, trata-se de uma “parede” de plantas que circunda o Deserto do Saara, para conter a sua expansão e frear a desertificação.
Trata-se de um mega projeto apelidado de: “Grande Muralha Verde” - o principal programa da África para combater os efeitos das mudanças climáticas e da desertificação, além de construir paisagens e meios de subsistência resilientes.
A iniciativa foi lançada pela União Africana (UA) em 2007 e já engloba 30 países. O grande objetivo é neutralizar os efeitos das mudanças climáticas, proteger e valorizar a vida selvagem e evitar o desmatamento.
A área está sendo formada pelo plantio de acácias, árvores que suportam regiões áridas - sendo mais resistentes à seca, já que possuem raízes que acumulam água.
Até 2030, 100 milhões de hectares de terras atualmente improdutivas na região do Sahel serão restauradas, 250 milhões de toneladas de carbono serão absorvidos pelas árvores e dez milhões de empregos serão criados.
Pense globalmente, aja localmente
A Grande Muralha Verde não é a única iniciativa de combate à desertificação no continente africano. O projeto é complementado pela “Ação Contra a Desertificação” - uma iniciativa do Grupo de Estados da África, Caribe e Pacífico (ACP), que é implementado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), com a contribuição financeira da União Europeia.
As iniciativas consistem em envolver as comunidades rurais na restauração, apoiar o crescimento econômico e a gestão sustentável dos recursos naturais, o que fortalece a capacidade de restauração das terras.
Dessa forma, é importante que os habitantes das áreas em perigo de desertificação assumam o controle sobre o destino de suas terras e se antecipem à degradação do solo.
Apresentando certas espécies
De acordo com o Observatório de Água da Tunísia, a região do Magrebe está passando por um “estresse hídrico”, pois o consumo anual por habitante é de 480 m3, menos da metade do limite estabelecido pela ONU. Até 75% do território nacional sofre em diversos graus de risco de desertificação.
Em meio a esse problema, Sarah Toumi, fundadora da ONG “Acácias for All” (AFA), ou Acácias Para Todos, que visa combater a desertificação e expandir a agricultura orgânica na Tunísia, descobriu a acácia, uma árvore que - como citado anteriormente - cresce em climas áridos e precisa de pouca água para sobreviver. Comum na Tunísia, essa espécie foi derrubada para dar espaço ao cultivo de trigo.
A filosofia por trás da criação da AFA vai além do plantio da acácia, é responsável por fornecer suporte para disseminar a prática da agricultura sustentável entre os agricultores tunisianos e aumentar seus rendimentos, treinando-os nos princípios do cultivo ecológico e com a introdução de novas tecnologias de economia de água (como a irrigação gota a gota).
Agricultura alternativa
A agricultura alternativa é outro fator importante na luta contra a desertificação. A Argentina foi notícia há alguns anos, quando sofreu uma seca extrema combinada com fortes ventos, o que gerou condições comparáveis às do Deserto do Saara.
Depois do ocorrido, no sudoeste de Buenos Aires, os agricultores passaram a adotar práticas de manejo sustentável da terra, como o plantio de leguminosas perenes, para fertilizar o solo e melhorar a eficiência da irrigação, com o objetivo de promover a restauração da terra e a capacidade de adaptação às mudanças climáticas nos ecossistemas produtivos.
Essa mudança na forma de uso e no manejo das terras recompõe o solo, recupera pastagens e permite o reflorestamento por meio de práticas agroecológicas alternativas - incluindo o uso de tecnologias para restaurar solos salinos.
Uma conquista importante do projeto foi a implementação de um Sistema de Informação e Alerta Rápido (Siat) para secas. Por meio de uma rede de organizações científicas, tecnológicas e governamentais locais, relatórios agrometeorológicos periódicos - de curto e médio prazo - são gerados e divulgados por rádio, pelos jornais locais e redes sociais, para alertar sobre a previsão de chuvas, riscos de erosão e incêndios em pastagens, bem como recomendações e medidas preventivas.
Soluções do futuro
Por fim, a “Desert Control” - organização fundada pelo cientista norueguês Kristian Olesen - desenvolveu uma tecnologia chamada Liquid NanoClay, que combina nanopartículas de argila e água e as transforma em um novo material.
Essa tecnologia é capaz de transformar até mesmo o solo do deserto em um local adequado para o plantio.
Ainda levará algum tempo, até que inovações como esta se tornem acessíveis a todas as economias.
Porém, é necessário continuar a prevenir e a combater a desertificação de todas as formas possíveis, a fim de proteger o meio ambiente.