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Outros negócios Energia 2024-08-27

Uma nova turbina de geração de energia ecologicamente correta utiliza as correntes dos rios para produzir eletricidade praticamente em qualquer lugar

Um jovem engenheiro belga observa pensativamente sobre uma ponte. Abaixo, a água flui rio abaixo como de costume, mas ele não pode deixar de notar um fenômeno peculiar: a água colide contra os pilares da ponte e pequenos redemoinhos se formam como uma forma de dissipar a energia cinética. Sua cabeça começa a girar também – será que há uma maneira fácil de aproveitar esse movimento para gerar eletricidade? O jovem que está pensando nisso é Geert Slachmuylders, e ele logo compartilhará sua ideia com o colega empreendedor Jasper Verreydt, que a abraçará com entusiasmo. Ambos começam a trabalhar em um projeto, primeiro desenvolvendo um modelo teórico para provar a viabilidade de uma microturbina baseada nesse princípio. E funciona. Voltando ao presente, em 2018, e após sucessivas rodadas de financiamento de capital por investidores e pelo governo belga, eles lançam uma de suas primeiras usinas em operação no Chile. Para esse projeto, eles aproveitaram a infraestrutura de um antigo moinho de vento para fornecer energia renovável a uma comunidade indígena Mapuche na região de Doñihue.

O sistema consiste em uma estrutura de concreto que coleta água do rio. A água flui por uma espiral, passando por uma turbina, a única parte móvel nesta usina hidrelétrica liliputiana. Simples, mas eficiente. A menor turbina hidrelétrica tem uma potência de 15-20 kW, o suficiente para fornecer eletricidade para quatro ou cinco famílias. No entanto, é uma tecnologia altamente escalável que pode alcançar uma produção teórica máxima de 10 MW, o que poderia até abastecer uma pequena cidade.

A hidreletricidade é uma das tecnologias de geração de energia mais antigas. No entanto, ela tem suas desvantagens. Em primeiro lugar, a construção de uma represa é um processo complexo e caro. Em segundo lugar, armazenar grandes quantidades de água afeta o terreno ao redor e impede que algumas espécies de peixes nadem rio acima. Em contrapartida, a solução desenvolvida por essa startup é extremamente barata – os fundadores afirmam que o investimento pode ser recuperado em quatro a seis anos – e permite que os peixes nadem sem serem prejudicados. Como bônus, ela também pode filtrar detritos da corrente usando uma tela autolimpante. Finalmente, a vida útil da bacia de concreto supera vinte anos.

Essa tecnologia inovadora mostra grande potencial em regiões montanhosas e países em desenvolvimento, bem como em comunidades isoladas, pois pode funcionar em rios com baixo fluxo de água e com apenas um metro de desnível. A estrutura pode ser colocada na margem do rio ou dentro da própria correnteza.

No futuro, assim como acontece com turbinas eólicas, painéis solares e células de combustível, essas microturbinas poderiam ajudar a fornecer energia descentralizada, também chamada de geração distribuída.

Fonte: Turbulent Hydro